Yes, nós temos banana.

Yes nós temos bananas

Por: Mona Vilardo

Não é de hoje que se estuda a importância da música para formação do ser humano, de um bom ouvido musical até a formação de caráter, escutar boa música afeta diretamente a formação de uma sociedade. Na Grécia, a música era usada para a construção de um povo mais ético e organizado. E para Platão, o homem deveria ser formado pela musiké: música, poesia e dança.

O que eu não sabia era que isso se estendia às frutas! Isso mesmo, frutas!

Outro dia comprei uma banana e dei de cara com o seguinte rótulo: Banana Nanica produzida ao som de música clássica. Estou começando a achar que rótulos curiosos me perseguem, quem leu minha crônica “Alérgicos, contém humanos! ”, sabe o que estou dizendo.

Muito bem, imagine agora que a parte de frutas do Hortifruti mais próximo da sua casa se transformou em uma sociedade. E como toda sociedade, tem suas divergências!

A banana adora ouvir “Requiem de Mozart”, chora com o “Concerto para violoncelo e orquestra de Albinoni”, e costuma pegar carona no “Trenzinho Caipira”, de Villa-Lobos.

Já o mamão gosta mesmo de um Reggae, e teima em dizer para a cebola, que tá do outro lado da loja: “No woman no cry”.

A laranja é fã de Fábio Junior, desde que este a colocou como protagonista numa abertura de novela, em 2005! Quem nunca cantou “As metades da laranja, dois amantes, dois irmãos”?

A manga, o melão, o sapoti e o caju moram juntos numa vila de amigos e no Spotify da casa deles, toca ninguém menos que Alceu Valença: “Da manga rosa, eu quero o gosto o sumo…”

O morango andava tristonho, mas logo foi homenageado por um grupo que cantava: “Ela é o morango aqui do Nordeste”, virou fã de um arrasta-pé!

Senhora uva é assanhada e canta bem alto o refrão da Ivete: “Eu quero enfiar uva no céu da sua boca”. É figura conhecida no carnaval da Bahia.

Começo a pensar onde me encaixaria nesse Hortifruti, e logo concluo que o melhor pra mim é ser salada de fruta e conhecer de tudo um pouco para se adaptar à sociedade que escolhi viver. Mas devo confessar que terminaria o meu dia ao lado da banana, ouvindo a trilha do filme Cinema Paradiso, do compositor Ennio Morricone. Tive o privilégio de cantar com ele num concerto anos atrás no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

No dia do meu casamento, tocou “Gabriel’s oboe” na entrada das alianças, também desse compositor. Para mim, a boa música clássica ajudaria muito na construção da tal sociedade idealizada pelos gregos. Quem sabe um dia conseguimos?

Boa música a gente tem de sobra. E bananas também!

10 de novembro – Aniversário de Ennio Morricone

Mona Vilardo

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