Luxo nem Lixo
Por: Mona Vilardo
Semana passada estive em Belo Horizonte para lançar o meu livro. Considero-me íntima dessa cidade, onde já estive diversas vezes com alguns espetáculos e, agora, como escritora.
Com tal intimidade adquirida, decido aqui chamá-la pelo apelido de “Beagá”, tão fofo como um bom pão de queijo local. Mas, no meu último dia na cidade, dispensei o pão de queijo e fui almoçar num Bistrô muito charmoso e aconchegante que fica dentro de um Centro Cultural.
No cardápio do lado de fora, iluminado por duas velas, me chamou atenção um prato bastante, digamos, refinado: tiras de mignon, acompanhado de arroz com queijo gruyere, cobertas com cogumelos flambados. Resolvi me dar de presente!
Entrei e fiz o pedido ao simpático garçom, que logo me disse: – Hoje é aniversário do Bistrô, estamos oferecendo uma taça de champanhe aos nossos clientes.
– Nossa, então eu vim no dia certo, uai…. (Mentira, eu não falei esse uai, isso é só para dar um clima da terrinha).
Antes de me acomodar na mesa próxima a um belo piano, perguntei onde ficava o banheiro e o mesmo garçom me respondeu:
– Ah, fica lá fora, em frente a lata do lixo!
Nesse momento, todo ambiente requintado, as tiras de mignon, o queijo gruyere e as borbulhas do champanhe desmoronaram no meu pensamento.
Bem, fui ao banheiro em frente a tal lata de lixo, mas aquela orientação dada pelo garçom não me saía da cabeça.
Almoço finalizado: – A conta, por favor!
Antes do garçom me trazer a conta, virei para ele e disse:
– Querido, vamos criar uma frase mais adequada para você indicar aos clientes onde fica o banheiro? Eu te ajudo. Que tal: “Fica do lado de fora, à esquerda, antes do próximo restaurante”?
Rindo, ele me respondeu:
– Sabe o que é? Já experimentei várias maneiras de dizer onde fica o banheiro, mas os clientes nunca entendiam. Quando passei a dizer que ficava em frente a lata de lixo, todos começaram a entender. Aí, deixei assim…
– Ok, abre outra conta para mim e traga mais uma taça de champanhe – pedi ao garçom bem-humorado.
Entre um gole e outro daquele champanhe delicioso, naquele Bistrô charmoso e sentada em frente a um lindo piano de cauda, concluí que naquela tarde em “Beagá” eu fui do luxo ao lixo, sem medo de ser feliz e com duas taças de champanhe na mão. Até porque, relembrando Rita Lee, “ Não quero luxo nem lixo, quero saúde pra gozar no final”.
Créditos da imagem: acervo pessoal.
Ah, que crônica espetacular… Parabéns!
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Analogia perfeita construída num estilo irretocável ! 👏👏👏👏
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Mona,
Que boa experiência… nos faz ver, que estamos sempre em constante movimento e crescimento!
Que Jantar super Agradável e com o Presente da taça de Champanhe… que atencioso!
Parabéns!!! 🍾 🥂
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Amei…. Vc é demais!!! Os mineiros agradecem. Vc comemorou bem o aniversário de Dalva de Oliveira.👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽💎
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Adorei essa experiência em BH, já que não tenho intimidade com a cidade para chamá-la ‘Beagá’. Parabéns, delícia de leitura!
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Uma crônica doce e divertida, um espetáculo. Parabéns..
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Espetacular, Mona!!!
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