Morte com Prosecco
Por: Mona Vilardo
Essa semana dentro do meu fantástico mundo, me peguei propondo um jogo pra mim. Aqueles momentos eu comigo mesma, sabe? E se me restasse apenas um dia de vida, o que eu faria? (Que jogo, hein, dona Mona?) Bem…jogo é jogo. Bora começar.
Se isso acontecesse, o que menos eu iria me preocupar era com a morte, afinal eu iria querer viver muito as próximas 24 horas, e pensar naquela caveira (ou algo semelhante ao que já vi em filmes de terror) segurando uma foice, não me ajudaria a simpatizar com o meu derradeiro fim! Deixaria de lado pequenos anseios, queixas e assombrações (já basta a senhora citada acima)
Nesse meu último dia, comeria sozinha uma barra inteira de chocolate ao leite – para quem vive de dieta como eu, isso seria um fato histórico/calórico antes da última curva.
Ah, eu dançaria na chuva gargalhando alto… Ok, eu já curto fazer isso sem essa pressão de morte e coisa e tal, mas da última vez que fiz, peguei um resfriado. Só que no cenário de morte iminente, dane-se o resfriado, eu já iria morrer mesmo…
Certamente eu iria abrir um Prosecco, essa bebida sempre está presente nos meus momentos felizes com amigos. Quem sabe eu poderia até chamar a senhora Morte para brindar? Aproveitaria para encenar à minha maneira o texto de Woody Allen “A morte bate à porta”, que li na juventude:
– Por favor, um Prosecco aqui na mesa, para mim e para essa senhora! Qual seu nome mesmo? (Eu tirando sarro da morte)
“Tirando sarro da morte” … só quem não se preocupa muito com ela que poderia fazer isso – no caso eu, com as poucas horas que me foram impostas. Genial!
Por fim, se me restasse apenas um dia eu iria ser ainda mais a protagonista da minha vida, e diria pra essa senhora: – Quem manda nessa mesa sou eu, o Prosecco vai ser Moscatel, sim, e pose pra foto, senhorita!!!
E, claro, iria ao encontro da Morte cantando! Paulinho Moska seria a pedida: ” Meu amor, o que você faria, se só te restasse esse dia? Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria. Ia manter sua agenda: De almoço, hora, apatia? Ou esperar os seus amigos, na sua sala vazia?” Poxa, Moska. A parte da apatia eu tiro da minha cantoria de despedida. Uma vida apática não vale a pena ser vivida, e isso eu te asseguro que a minha não é. Se assim fosse, a morte já estaria fazendo parte dela bem mais do que nas últimas 24 horas que me restam. Peço licença ao compositor, mas vou “matar” essa parte da música.
Pronto! Fim do jogo!
Que estranho imaginar minhas horas sendo diminuídas, roubadas de mim assim…. A verdade é que começamos a morrer assim que nascemos, e muitas vezes vivemos achando que sempre teremos tempo: “amanhã eu faço”, “quando ficar mais velho”, “ah… deixa eu me aposentar”, “to esperando meus filhos crescerem” … “to esperando”…
Ih…começou a chover! Tchau, pessoal, vou lá fora dançar!
Como sempre, espetacular! Suas crônicas são excelentes, de texto interpretativo, sem dificuldades de entendimento! Parabéns, muito boa, como todas que vc escreve!
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Nossa, adorei! Divertida e leve!
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