Mananciais de Promessas
Por: Diogo Verri Garcia
Prometo que serei mais ponderado, mais contido.
Menos acelerado, terei maiores cuidados,
Prometo portar-me como se fossemos tão só conhecidos
Juro ser mais ausente, também complacente, a Deus temente,
Mesmo que a oportunidade se apresente, abrirei mão de te ter.
Contudo, não mentirei pra gente: a distancia é prudente,
Para deixar só de prometer
Prometo refletir nas ações
Antes calorosas,
Silenciar os bordões,
Não mandar-te a ações em noites tão perigosas.
Perceber que nas horas da tua ausência,
Nisso não há inocência:
É só uma forma de não comprometer.
Assim juro não fazer mais convites,
Nem por ousadia
– tais quais tanto te fiz quando ainda não prometia.
Prometo não te falar em sussurros,
Não ter pensamentos obscuros,
Iguais aos que me vêm todo dia.
Considero não mais abraçar-te no escuro,
Ou prensar-te nos muros,
Nos cantões de qualquer casa.
Eu pondero que, por sermos vorazes,
Temos razões razoáveis
Para ponderar, e não requentarmos a brasa.
Asseguro limitar-me à luz da claridade,
Por precaução que, na verdade, é por nossa cupidez.
E por saber que a decisão mais sensata, é rapidamente afastada:
Quando aparece a vontade, não há sobriedade, é feito uma embriaguez.
Prenuncio não mais procurar-te quando for tarde,
Pois sem meias verdades, logo corre a hora, e tudo já se fez.
Prometo saber que sem ter saciedade, a imprudência se arvora,
E a resolução impensada não acontece só uma vez.
Prometo só agendar horários que atrapalhem compromissos,
Pois não temos juízo, nem maturidade.
Prometo, quanto estiver em outros braços, silenciar-te meus passos,
Faltar a ti com a verdade.
E compreendo o mesmo tratamento, ainda que me cause tormento e ansiedade.
Eu prometo, afastar-me de tudo que inclua a vontade que queremos conter.
Eu prometo, a prometer um dia
Em que vamos parar só de prometer.
(Diogo Verri Garcia)
*Autoral
Crédito da imagem: pixabay