O Tempo da Incerteza Resoluta

Por: Diogo Verri Garcia

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O coração não tem tempo.
Um tempo certo para achar seu compasso.
Um momento exato pra saber se quer ter intento,
ou desafinar-se, entrar em descaso.

O coração quer ter um tempo.
Não explicações, pois a lógica é plana
e ele não a conhece.
Se exato fosse, seria melhor que a razão,
Que se acha senhora do amor e se esfalece.

O coração quer ter certezas,
mas nunca as tem: são variáveis e expectativas.
Cruzadas, em mil situações, incertezas e besteiras.
Acredita ser, para amar,
mais capaz do que já foi em qualquer dia.

O coração se alegra,
tanto qual se corrói, em autêntica autofagia.
Acena feliz, justo para quem o apequena.
Na hora inexata,
Se exila e destrói, quando o amor lhe maltrata.
E acredita ser, para amar,
incapaz em todo e qualquer próximo dia.

O coração se encanta por destrezas.
Quanto a encontrar o amor,
espera ter a certeza instintiva.
E, de tanto esperar, possa ser que perdeu.
O momento passou, outro alguém resolveu
e a escolha certa virou só narrativa.

O coração quer ter coragem
Para falar para aquela que,
com as palavras certas, aquiesce.
O coração deveria se calar
E não agir com mais besteiras,
justo com quem não as merece.

O coração é um órgão isento.
Isento de qualquer prudência mínima de acerto.
Não se acerta nem com a razão.
Cabe a Deus carregá-lo com zelo.

(Diogo Verri Garcia, Rio, 21/10/2018).


Crédito da imagem: Pixabay

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