Poemas Pálidos
Por: Diogo Verri Garcia
Sorrateiramente, sem violência,
Poemas vêm e vão.
Como passagens de trem, como o verão.
Nem todos são vigentes,
confortáveis ou frequentes.
Há poemas que são pálidos;
outros, que são quentes.
Quando encorpam, avançam e arrastam
Feito forças do vento abrasivo, que é bravo.
Quando desandam, são blocos de verso
que não causam, nem intencionam.
Sem sabor, não tencionam furor, tampouco sucesso.
Mas quando empolgam, traçam bem o caminho
E tornam-se oportunos para quem os lê.
Quando inspiram,
Nutrem paixões que arrepiam.
Fazem o poeta parecer afortunado, face a quem o vê.
Mas depois, cansam:
de tanto repetidos, versos entediam.
Caminha o poema como receita instintiva
Que tem métrica, rima, etecetera e tal
Mas que de nada serve, sem quentura nem clima.
Porque se é só verso e rima,
Sem alma, não é poema;
Não é formal. Não é verso. É normal.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 04/02/2019)
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