O tempo e a pressa
Por: Diogo Verri Garcia
(O tempo e a pressa)
O tempo e a pressa,
Eu soube: vocês se falaram,
Mas não maldisseram o quão tudo foi forte,
Tão só sorriram, soluçaram e calaram.
O tempo e a pressa,
Eu soube que se arrependeram
Do gosto amargo da sorte,
Da junção de esforços que me prometeram.
Deixaram um olhar tão discreto,
Lembrando as ternuras que na vida condizem
E, em meio a um olhar de saudade,
Propuseram também que seriam felizes.
O tempo e a pressa,
Sem deixar tudo esperado.
Sem a urgência da pressa,
Sem o carência do tempo.
Bastava só mais um aguardo,
Apenas deixar passar,
sem marcar, sem contar,
sem cobrar por momentos.
Eu juro por Deus tanta jura,
A pensar que loucura,
Saber da vossa atual amizade.
Se fosse no tempo em que era apavorado o amor,
Se hoje já me engambelou,
Ali, haveria infarte.
Ao menos não faltei com a promessa
E dei todo o alinho que em um peito só tive.
Talvez porque a pressa impusesse tão só brevidade,
Na incerteza do tempo,
Do amor me abstive.
O tempo e a pressa,
Eu soube que se desentenderam
Ao saber que de mim
Ambos sentem saudade,
Mas a brisa contou-lhes do meu paradeiro.
Narrou que viajei pela vida
Fugindo da pressa,
Prestigiando outro tempo que não era o meu.
Mas a brisa isenta dos litorais,
Viu-me, e, atenta demais,
Soprou um tempo que ao natural ocorreu.
O tempo e a pressa,
Sorriram ao notar quão sincera
Foi a falta de tempo que em minha vida mantive.
Choraram ao perceber que na minha pressa
não houve maldade,
Que ao viver tendo calma no amor,
De alguma felicidade
também me abstive.
E quando avistei-os na rua
A pressa destratou-me entre os dentes.
O tempo, que era então tão calado,
Abraçou-me com os olhos,
sorriu-me contente.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 24/12/2019)
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