Batalha sobre as ondas
Por: Diogo Verri Garcia
Batalha sobre as ondas
Devemos caminhar longe daquilo que nos faz mal,
Do que nos desalegre,
Ou que nos extermine.
Não é questão de regra,
De bom trato social.
Como se dizer adeus,
Para, enfim, reabraçar fosse anormal.
Mas há limitação entre o não triste ser
E a busca do que por bem vá guarnecer,
Para pretender – o melhor pretender,
Isso sim existe.
É feito achar-se no não terminado em oficial,
Mas que terminado está, antes que se termine.
Para que ter tal trabalho em querer compreender,
Se essa opção não traz remédio, quando nem remediada a vida será.
Melhor viver, deixar viver e passar.
Seguir sem o tédio de uma das grandes dores,
Quando hábil e sábio é ver a vida
em cada um de seus fartos e vários amores.
Que te amam quando te sentem perto,
Até, passado meio metro, já deixarem de te amar.
Mas se é feliz, em cada palmo,
Sempre e só enquanto se está.
Por isso ame, tal qual se ame,
E ame a outrens dando de si
Algum tanto de tudo e cada pedaço de nada.
Uma mistura de “algo a esconder”
Com outra pitada de “coisa alguma a temer”,
De sorte que,
Ao fim, em devoção,
Haja só boas lembranças, sorrisos e promessas,
Que receba dessas almas boas rezas
Na oração da longa estrada.
Quando, finalmente,
Ao encontrar alguém que ame,
E ame tudo em troca,
De tão exato,
Por certo nem perceberás.
Tanto correto dizer que assim não notas,
Fecharás outras portas,
Todas as quais deixarás,
sem despautério, sem duvidar.
E, portanto, adentrando em uma só razão e caminho,
Graças a cada traço de quem
Já te trouxe dor, fulgor, mas formou-te raiz,
Estarás, então,
Em alinho,
Feliz
E, desta vez,
Sem nem notar.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 23 de maio de 2020)