Passariúva

Por: Diogo Verri Garcia

Passariúva

Tanto que gosto desses ventos
Que levantam nem tanto a poeira;
Logo trazem o cheiro de chuva.
Que, prometida tanto, assustam a madeira pesada,
Dada a água arrastada…
Sobre a passariúva.
O que cai em grande quantidade,
Não me precipita, de fato;
É o tempo, só, já pesado; sem temperança,
Revoando o meu papel.
E esconde o sol, dentre um cinza desafiante, arrojado…
Que traz rasuras
no azul que havia há pouco do céu.
Ela desce, logo a água, na ribeira;
a impossibilidade de correntes ascendentes
manterem-na em suspensão.
E assim, imparáveis, águas caem;
De tão fortes, que explodem ao chão.
Veja: quem queria andar, contenta-se a ver.
A olhar, pois que não pode sair.
É esperar tudo aquilo passar…
É esperar toda a chuva exaurir.
E desbota, em folha molhada, inteiro este meu argumento.
Mas o que quer dizer este tempo?
Nada que mais te adiante; além do vento.

(Diogo Verri Garcia, Rio (em dia de chuva), 30. mar. 2021)


Créditos da imagem: Pixabay

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