Sem cortes, sem edição
Por: Bianca Latini

Sem cortes, sem edição
No momento em que me permito
Os caminhos se abrem
As cortinas desabrocham e o palco se autorevela
Não é Carnaval
Mas abre alas, que eu quero e mereço passar!
Com passos firmes
De quem descobriu sua verdade
E não necessita ser perfeita
Maniquefeita, liquefeita, fulgaz
Agora piso no palco com a voz rouca
mesmo e bem desafinada
Apresento-me desajeitada , sem achar-me boa o bastante
Me sei suficiente e transportando vida
E vida é isso: atropelos, contramãos, acertar errando, errar imaginando precisão, ser pobre sendo rica e ser milionária sendo leve e desprovida…
De autocrítica, de piedade sobre o que eu ainda não sei
Eu falo para a plateia, mas não dependo dela
Aprecio sua presença, mas antes de tudo, falo para mim mesma, por mim mesma, para meu auscultar
Hoje sou alma liberta e entendo, inclusive, que não é só em palanque e tablado que se tem voz
O timbre longínquo sai pelo sussurro, pela conversa de bar, pelo papo despretensioso com um desconhecido, até mesmo pelo não falar
Hoje, quero seguir tirando, descascando,desvendando, experimentando….
Quero apenas me despir, me despelar
Por Bianca Latini
Créditos da imagem: Pexels