Na imensidão deste salão
Por: Bia Latini

Na imensidão deste salão
(mais uma experiência, vivência, entrega às waves do @5ritmos_riodejaneiro)
Eu estou hipérbole tentando caber em onomatopeia
Pororoca só conseguindo manifestar riacho
É tanto borbulho dentro
E um canal estreito rumo a fora, que nada dá vazão
Ao menos, quando me disponho a calar a mente, silenciar as palavras e deixar o borbulho sintonizar o ritmo…
Quando permito que meu corpo me guie, me mostre, através do som, da permissão ao frisson, ao tesão, à raiva, à alegria, à fluidez, às peripécias, mirabolancias, ao êxtase, ao caos, à quietude, ao que, aparentemente não faz sentido nenhum…Meu corpo abre as portas da cela pra mim.
Mexem-se partes que eu nem supunha existir.
Neste momento, ali no salão, num espaço de não julgamento, onde todos dispuseram-se a uma reza corporal, onde todos se veem de olhos fechados e sintonizam-se pela entrega, o mundo está ali; as possibilidades estão ali; naquele metro quadrado, que parece um latifúndio de alternativas, desamarras, libertação e exultação ao escoamento.
É templo. Eu me enxergo em potência, vida. Eu me deixo manifestar. Ali o canal não é nada estreito. É canal que liberta e escancara o peito. E não é sobre tamanho. É sobre permissão.
Ali, naquele espaço, ao final das ondas dos 5 ritmos, brota em mim a constatação:
É impossível guardar tudo isso. É necessário e feliz escoar.
O choro aparece, em expurgo e gosto de Eu sou o eu sou.
Por Bia Latini
Créditos da imagem: Unsplash