Por: Mauricio Luz

Será que sou poeta?
Não sei dizer ou afirmar
As palavras me vem em torrentes
Desencontradas, cruas, indomáveis
E sou incapaz de dar-lhe formas, versos e rimas
Sinto que sou mais uma deslumbrada Testemunha do universo
Abobalhado com tanta beleza,
Tanto mistério em mim e fora de mim,
Que busco apenas alinhar em linhas desencontradas
Aquilo que a razão é incapaz de alcançar.
Será que sou poeta?
Não sei definir
Os sentimentos e sensações vem e vão,
Como as ondas que brincam com o navio,
Que iludido acha que controla o momento,
E está a salvo no rumo de seu destino.
Sinto que sou mais como o lápis esguio,
Que ao dançar seus versos na folha de papel,
Acelera o seu destino.
Será que sou poeta?
Não sei explicar
Só sei… e sinto…
Há mais poesia no sorriso de uma criança
Que em todos os versos já escritos e declamados,
Há mais rimas e versos no voo do beija-flor,
Que no coração dos poetas mais consagrados.
Entre o esforço da chegada e a incógnita da partida,
Há milagres tão grandiosos e tão pequenos,
Que se tornam invisíveis para quem enxerga apenas o óbvio
Uma noite eu olhei as estrelas, e elas olharam para mim,
E depois daquele encontro com o infinito
Nunca mais me encontrei com minha própria finitude
Será que sou poeta? Cientista? Espiritualista?
Ou apenas busco descobrir uma forma, uma maneira,
De descrever o que não pode ser descrito?
A ilusão daquele que deseja, com um balde furado,
Esvaziar o mar?
Mauricio Luz
Créditos da imagem: Pixabay