Linho com “N”
Por: Bia Latini

Linho com “N”
Eu invoco a minha chama
Reergo meu reino
Aspiro meu canto de volta
Renuncio este manto
Deixo cair
Majestade já sou, desde que nasci:
pelada, insaguentada
Placenta, ventre, útero, cordão
Bioma de proteção que rompi
Para adentrar a selva, a mata, a cantata
Minha voz se fez calar
Intimidou-se com alguns gritos
Agora, quem quer gritar sou eu
Não para assustar ou evocar insanidade
Mas para resgatar meu cetro, meu centro, meu monumento histórico primordial
Eu quero me curar do que não sou
Do Eu que caiu, se travestiu, se usou
Diafuncionalidades, arrastos, correntes, serpentes, maldades: alheias e intrínsecas
Expurgos, espetos, amuletos: de sorte, de azar
Verdades para respirar
O que falta é arrancar os fios invisíveis: um a um, pele a pele, lastro a lastro
Cansaço e não serventia…do que um dia foi…
Outono – folhas caindo
Secura, ressecamento do que um dia foi vida e hidratação
Do verde que amarelou
Do viço que virou rachadura…
Do Linho que já foi roupa e trocou o “L” pelo “N”, sendo, por ora, o que importa…
Onde tudo começou….
Por Bia Latini
Créditos da imagem: Pexels