O Atrasado de Maio
Por: Diogo Verri Garcia
O atrasado quando chega ao evento
Passa esbaforido, quase tropeçante no próprio passo
Acredita que o quase lustro perdido passado
Serviu a todos a contento.
E se atrasou, posto que mal percebeu seu descaso.
Os que os aguardavam nem mais aquiesciam
Que a presença vindoura seria alvissareira.
E não foi: foram cinco palavras e a manhã logo finda;
Atrasou mais que o enfeitar da moça namoradeira.
E já estava gelado o café que o aguardava.
De tanto esperar, cansaram, os revoltosos, até do levante.
E agora, calmamente, feito tropa esperavam.
Impassíveis, como quem dá palavras com infante.
Mas, no giro da hora, a demora não mais se acanha,
Era um atraso que foi pressa, chegada a hora de ir.
O novo café, já quente, nem lhe viu a fumaça;
Da letargia acordou; correndo, passa.
Era muita a pressa em partir.
(Diogo Verri Garcia, Rio de Janeiro, 14/05/2019).
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