Os miradores
Por: Diogo Verri Garcia
Havia um monte em que todos iam.
E a um prédio mais alto, feito um mirador,
Para ver a altura em que a chuva molhava,
Pouco lhes importando
se quanto mais alto a friagem chegava,
Pois o pisco causava calor.
Nela, meus olhos encontravam o frio.
Entregando um clima nem um pouco mais tenro,
de um ar seco, sem aragem,
causador de arrepio.
Simples, mas de incômodo agradável, ameno.
Era uma tarde já glaciada,
Prometedora de um momento gelado,
em Santiago.
E lá do alto,
Viram o sol que, por pouco, tornou-se a render
Por uma lua que vestiu-se descoberta.
Deixou de esplender,
para se eclipsar.
Olhando a todos,
Deixando a multidão parada,
Os miradores cheios,
as ruas desertas.
Agasalhavam-se todos tão menos que eu.
Mesmo de alma calorosa, quem mais precisava.
Mas vi maratonista chileno que pela noite correu
Em trajes próprios de quem do frio zombava:
Louco ele; o que não faço eu,
posto que me resfriava.
No frio, os passos são enxutos,
de um caminhar apertado
em um dia frígido,
e de um anoitecer ainda mais gélido,
quanto mais alto…
Completando o tempo que, se deixar, quase neva,
Logo ali, bem ao lado,
Em Santiago.
(Diogo Verri Garcia, Santiago, 06 de julho de 2019)
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