Outro brilho, mesmos olhos.
Por: Diogo Verri Garcia
São os mesmos olhos daquele dia,
Porém já distantes e frios
Os olhos dela não mais se abrilhantam:
Passam demonstrando nada mais que vazio.
E percebo que tais olhos não têm sua luz própria
Só refletem o que penso dela em meus pensamentos
Que por inexatos que sejam, mesmo que racionalmente os ignore,
Revelam sentimentos.
E o que sinto e o que vejo, nos olhos dela
São o motivo e a desgraça,
A argumentação para o que embaraça
O embaraçado amor que já tive.
Não sei se algo substancioso tencionou a mudar
Ou se apenas a direção do barco começou a girar
E eu me entretive.
Hoje tenho a ver que o mesmos olhos,
Dos quais tantas palavras saltavam,
não mais escrevem.
Que nem mesmo para curar a culpa
Dessa previsão não fortuita
talvez nem para isso eu mais reze,
Pois é possível demais que alegar desamor
seja um intento
Para quem – tal qual eu – não tem melhor argumento
Para não querer mais.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 23/07/2019)