Balaio Torto das Ruas
Por: Diogo Verri Garcia.
Dedico
Aos que emburrecem, ao viver o amor que eu não vivi.
Ao refrasearem a canção que não obrei;
Os refrões que, sem percussão, cantavam.
Ao criticarem os beijos sinceros que, beijados dela, dediquei,
Mas que eram pouco mais, para caminhar nos passos
Que, falseantes ou falseados,
mesmo importantes, não prossegui.
Pois, ainda das razões,
pouco sei…
Cumprimentariam-se todos,
Os que não deixaram a alma aberta e se expuseram;
Os que aceitaram a paixão correta e se engalfinharam.
Em uma rua deserta, beberam e bradaram
Porque por um instante feliz, eles foram.
Foram os haveres…
Por evitarem causos, sem querer anuências, como eu perdi.
Talvez por retinência de mudar tanto ares, como mudei.
Ao colecionar olhares, posto vivi.
Conservaram-se vulgares; nisso avisei,
Pois temem ser cotidiano,
e se atrapalham,
Ao pretenderem ter nobreza sem ter lastros de rei.
Mas isso é tão engano,
Que soa como um balaio tonto e torto,
Um louco falante nas ruas.
É como um enxadrista que se diz atleta.
Feito confundir copista e poeta.
Como esperar que a hora exata
Se enunciasse à alma;
nos notificasse, desse alerta.
Mas se em algo caminharam triste, tenho certeza.
Pois tudo que se inicia, ao fim se achega
E atormenta a calma, que se encantara
A ponto de não prever, tal como eu vejo
Que todo fim é o mesmo, quando acaba.
Ao menos felizes, todos foram.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 09/11/2019)
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