Decúbito, 1 de 2
Por: Diogo Verri Garcia
Prezados Leitores,
Com algum atraso, o texto da semana:
(Decúbito, 1 de 2)
Sem se deixar ponderar,
Ela pensou o que quis.
Pois consolidou-se matriz
Da angústia, que era tão mais.
E assim não falou, não amou, nem sofreu,
Nem sequer compreendeu
Que havia algo justo e completo,
Um convite a dar certo
e que não era fugaz.
Mas, talvez, nada tinha a querer.
Não hesitou em clamar
Que algo errado existisse,
De modo que o bem subsumisse,
Trazendo logo às claras o fim.
Pois, então, com a alma leve em aparente justeza ,
Bradaria a certeza
De que o amor é ruim.
Sem hesitar, nem chorar,
Nunca desabafou, não soube nem responder
Não amou tanto quanto você
E assim houve a hora
Em que a realidade
Fez a decepção ser completa
Fazer soar uma dúvida, um alerta,
E lançar a culpa logo corpo afora.
Percebeu que as contestações eram tantas,
Que era difícil até precisar fossem quantas.
Que até o tempo prometeu um alento
De decepções tamanhas.
Antes, havia passado dois dias vazios,
Como se passados frios,
Gélidos de alma e de paz.
Preparativos de uma distração mal contida
Da insegurança cultivada e mantida
Que causou todos os problemas mais.
Ele então lamentou,
Achou tristeza onde não conhecia.
Achou injusto que um dia
Houvesse um fim tão cretino
Para um destino distinto
Que Deus reservou,
E prometeu causador de riso e rubor
Mesmo na singela diferença
Sobre o que era “capaz”.
Até então, ainda tinha certeza,
Não hesitava, achava beleza na alma que
Suscitava tão infundada dúvida.
Ao fim do credo,
a controvérsia dela era sobre o amor.
Assustou, eis que se revelou
De maneira tão súbita.
Ele tirou um dia de paz,
Querendo ter ausência,
Sem a ingerência de uma nota qualquer:
Só pausa, daquelas longas,
Tornando a existência mais leve
uma máxima ou breve,
Para que som nenhum houvesse mais.
Questionou que a mente da infância não cresce,
Não conversa com o peito,
Por vaidade, não dá ao amor o respeito
E, posto isso, padece.
Desde sempre,
Parece que a razão dela pôs-se em quarentena.
Não vê o óbvio,
Vive a modo próprio.
Não lê seus poemas.
(Rio de Janeiro, 24/04/2020)
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