Poema do Verso Demudado

Por: Diogo Verri Garcia

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POEMA DO VERSO DEMUDADO

Foi
Raiz da causa que apressava a alma,
Ainda que assim tão pura,
De tão aguda, antes já me desfez a calma
Feito a luz de uma cheia lua,
Feito dia, ampara e enternece.
Entretece a luz pequena de uma chama em vela,
Luminosa pouco quão, que na luz maior desaparece.
Aquela chama curta era meu peito antes de tal alma,
Agora que permite anseios, como antes nunca quistos.
Nem em sonhos se emaranhou em olhares, tanto a olhos vistos.
E de repente, nota que o bem maior a si também acontece,

Com isso, redesenha a intenção
Em construir, no chão de mares, Edifício.
Admirou-se pelo só lugar no mundo e no peito
Onde há algum frio desde o verão até o inverno.
Depois de tanto conhecer olhares,
não se fez tão a esse alheio,
Eis que nada é firme, nem eterno.
E nela, a incerteza sã, jogou-se à fé, à busca,
Sem dúvidas, sem partes dúbias,
Feito um carril na ladeira,
Frente à flama que era.
E sem freios.

Fez-se o bom lugar,
Que trouxe todo um novo mundo, em uma só comenda.
Um dia, olhou nos olhos, que amou demais.
E até a razão, que lhes deu tanto cartaz, não perquiriu emenda.
Chocou-se por perceber tal sorte, tão rápida, tão forte,
Como de uma só vez.
Hesitou jamais, mas sei que a concepção tão mais incapaz
Não compreendeu os ademais, nem os porquês.
Assim, veio ao verso exprimir a direção do andor.
Já que todo início mostra ser o fim melhor,
Pois vai, que o verso vai, que o amor passou.

(Diogo Verri Garcia, Rio de Janeiro, 13/06/2020)


Créditos da imagem: Julie Rose por Pixabay 

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