Smize
Por: Priscila Menino
Smize
Aprendi recentemente uma nova invenção de palavra propagada por Tyra Banks: smize.
Trata-se de uma mistura das palavras “smile” com “eyes”, ou seja, algo equivalente a sorrir com os olhos.
Em tempos de uso de máscaras como apetrecho obrigatório para nosso dia a dia, fica impossível vermos claramente as expressões faciais, restando então na necessidade de aprendermos a “lermos” olhos e olhares.
Minha filha esses dias me disse: “mamãe, eu te reconheceria de máscara em qualquer lugar do mundo”. Acho que ela, no auge dos seus cinco anos de idade, já adquiriu a habilidade de fazer algo que eu venho aprendendo já adulta: ler olhares e saber identificá-los em meio a multidão. Mais um vez constato: tola sou eu que insisto em achar que eu que sou a educadora da nossa relação.
Penso então que em tempos normais de temperatura e pressão, quantos olhares nos passaram despercebidos? Quantos sorrisos sinceros são ignorados quando temos distrações diversas por aí? Sabemos nós ler o olhar até mesmo daqueles que vivem conosco diariamente? Sabemos sorrir tão livremente, ao ponto dessa alegria escapar pelos olhos?
Divagando por aí, certa vez a moça ouviu dizer que seu sorriso era lindo e radiante, o que causou evidente estranheza, pois seus dentes eram tortos e não pareciam típicos de uma propaganda de pasta de dentes. Acontece que essa moça sorria utilizando os olhos e aqueles eram penetrantes como a alvorada de pássaros no nascer do dia.
Ah, fico estarrecida ao pensar que precisamos ter sido acometidos por pandemia para aprendermos o valor de um sorriso tão sincero que está xerocado através dos olhos.
E já que estamos aprendendo diariamente a lidarmos com o nosso novo normal, que possamos aprender a não deixarmos que nada oculte ou crie barreiras para os nossos “smizes”.
Crédito da imagem: pixabay