Ao fogo, água!
Por: Bianca Latini

Ao fogo, água!
Queria que um dilúvio caísse e lavasse as mentes incendiárias
Que inundasse toda destemperança e falta de senso de pertencimento
Que encharcasse os corações ocos
E levasse com toda força d’água
A ignorância e a maldade
O vazio de ética e de consciência planetária
Será mesmo que eles acham que somos coisas distintas??
Eles, nós e a natureza??
Queria que a correnteza arrastasse a desumanidade, o pensamento egoísta, a ganância, o atrevimento em querer extirpar o que não se terá conserto, remédio ou qualquer remendo
Queria, também, que não diluísse o gosto de fel na boca dos que hoje profanam e queimam o que há de mais belo e sagrado
Pois eles, certamente, colherão o gosto amargo de viver no deserto
Eles podem não se dar conta e nem fazer correlações
Mas, daqui a algum tempo, tentarão sobreviver com a semeadura de sua insanidade vermelha e devastadora
E não conseguirão, nem mesmo, chorar o dilúvio que não os lavou.