Minha filha, meu cais, meu leme.
Por: Priscila Menino

Minha filha, meu cais, meu leme.
Se eu pudesse, eu te colocaria em um potinho e te manteria sempre perto de mim.
Se fosse possível, eu te protegeria de todas as dores e viveria cada uma delas no seu lugar.
Eu evitaria a todo custo a fase que podem ter embates duros entre nós duas por exigir que você faça suas obrigações.
Quisera eu que você permita que eu te leve e te busque na escola para sempre, te abraçando e beijando, mesmo estando em frente aos amigos.
Ah, se eu tivesse a opção de permitir que eu compre suas roupas, vista seus sapatos e escolha seu penteado e perfume.
Mas, se assim for, você não se tornará a mulher que eu imagino que será, afinal, cada um tem seu caminho, suas escolhas e as consequências das ações ou das omissões, é inevitável.
E assim, eu sei que não posso evitar que você sofra, eu não posso impedir que sinta medos, inseguranças e viva eventuais dramas, não posso avocar todos os seus problemas e inquietações. Mas eu posso te garantir que em todo e qualquer momento, eu estarei ao seu lado.
Você vai velejar seu caminho, viver suas tempestades e aproveitar a brisa leve da maresia de um dia ensolarado, mas eu serei sempre seu cais, estarei sempre aqui, sendo o lugar seguro para você atracar, pra cuidar do seu casco, fazer eventuais remendos que eu conseguir e te ver seguindo seu caminho de novo e de novo e de novo.
Dizem que a gente cria filho pro mundo, eu prefiro dizer que eu te crio para o universo inteiro de possibilidades, pois, minha menina, você pode ser o que quiser!
Ora, na contrapartida, é você que cria em mim um desejo constante de ser o meu melhor, de mostrar pra você como podemos ser felizes com a simplicidade, mesmo em meio a ondas de um mar agitado.
Mal você sabe, mas é você o leme da minha vida, traçando juntas sempre a direção seguida na nossa evolução constante.