Poema do Erro Redundante

Por: Diogo Verri Garcia

Prezados Leitores,

Em comemoração ao Dia Nacional do Poeta (ontem, 20/10), republicamos “Poema do Erro Redundante”, autoral, de 2019, dada a possibilidade de lidar com palavras, emoções, significados e até com a norma padrão, que o ofício da poesia nos garante.

Tal como outrora expressamos em “Descredenciado Poeta”, de 2018, “a poesia, quando ab-roga seu dono, É livre, nunca será de mais ninguém […] Ama instantes a ti, ama logo mais outro alguém” (Diogo Verri Garcia, “Descredenciado Poeta”, 11/08/2018).

“Poema do Erro Redundante” suscita interpretações e significados de cada um que o lê. Representa a perda da propriedade, da titularidade, que abandona aquele que escreve e encaminha-se para o domínio da percepção do leitor, fazendo dele, nisso, também um poeta.

Parabéns pela data a todo aquele que tem por hábito a leitura, pois faz em sua interpretação um importante passo da poesia. Em suma, todo leitor é um poeta hermeneuta.

Boa leitura.

Diogo Verri Garcia, Rio, 20/10/2020.


Poema do Erro Redundante (#repost)

Inicio meus versos nos erros
Desacertados.
Vindos de um surpreendente inesperado,
Tão bem guardado há anos atrás.
Que impediu o planejamento antecipado.
Na vida, entre uma verdade e um fato,
Em metades iguais.

Quem visou seu desgosto ao largo,
Sem encará-lo de frente.
Fez como quem favoravelmente assente
E pouco caso faz, até.
Com os olhos, trabalhou as palavras nas minúcias detalhistas.
Mantendo patente no rosto, aparente e à vista
O rubor de quem se desolou na mais triste tristeza,
De quem perdeu a confidência na fé.

Que não fizesse daquilo um todo,
Para repetir, no amor, seu novo lançamento;
Tal como um novel feito em debute,
Querendo ter o protagonismo em querer ser o principal.
Mantiveram o mesmo,
Conviveram juntos.
Da fartura da sorte, até o mal
Parco e escasso do que era bom,
Mas que se firmava completo e integral.

Sobre ser feliz…
A última razão que quis foi derradeira,
De que, no amor que dá causa, não houve fatos reais.
Passado o tempo, as cinzas, as faltas,
Buscava a agastada braveza que lhe garantisse algo mais,
Além do somente mais.

Não queria ser apenas redundante,
Tal como os desacertos
Que não se acertam aqui, neste poema.
Pensou que a vida passa ao tempo, rápida, feito instante.
Sem momento para bobagens;
No amor, meias certezas ou verdades.
Feito o erro de quem imponha,
Ao poema,
Um trema.

(Diogo Verri Garcia, Rio de Janeiro, 04/02/2019)

*publicado originalmente em 24/04/2019


Crédito da imagem: pixabay

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