O Olho do Furacão

Por: Mauricio Luz

Da Série: Prosas Poéticas

O Olho do Furacão

E do nada ela surge.
Poderosa, imparável, imprevista,
A tempestade vem.
Ela me alcança
Encharca meu corpo com seus infinitos dedos molhados,
E zomba de mim.
Ventos rugem ao meu redor,
Ameaçando levar meus pensamentos,
Enquanto a escuridão ameaça tomar a minha luz.
Ela gargalha, trovejando alto,
Ao ver-me buscar meu único refúgio.
E lá eu chego
Sem nunca ter saído.
E lá eu chego,
Sem precisar sair do lugar.
A tempestade cresce.
Meu corpo estremece de frio,
Enquanto o imponderável testa a minha vontade.
Tarde demais, tempestade, tarde demais.
Eu estou no meu lugar.
Inalcançável e inatingível,
Aceito o abraço da tempestade,
Me entrego à sua força e ao seu poder,
E me torno meu centro o seu centro.
Ventos rugem ao meu redor,
Mas meus pensamentos estão serenos.
A chuva fustiga meu corpo,
Mas sinto apenas carícias.
Ergo meu olhar e onde havia escuridão,
Posso vislumbrar estrelas.
A tempestade rosna, impotente.
Ela sente, é tarde demais!
Cheguei ao único lugar do Universo
Onde estou perfeitamente protegido e seguro.
Dentro de mim.
O olho do furacão.


Créditos da imagem: Pixabay

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