Autora Convidada: Jade Prata

Não é Não
Uma mulher não nasce,
se liberta
diariamente.
Se despe das hipocrisias que lhe são jogadas
impunemente,
pedras no seu caminho
em seu corpo sozinho
e resistente.
Pedras de culpa
pela maçã ou shortinho,
que ela repudia firme.
Mil e uma vezes
– Não!
Contra ouvidos dementes
e mãos insistentes:
– Não é não!

Uma mulher não nasce,
dá a mão à outra mulher
e fenixilidade à vida!
Dura (re)construção dos espelhos:
para superar a memória afetiva/cativa
e não baixar a vista ao patrão
é preciso ser criativa
com sororidade como partida.

– Não é não!

Uma mulher não nasce mulher,
pênis ou vagina não a definem.
Não existe um medidor de feminilidade,
mas existem classificações que oprimem.
Não há mulher inteira,
sempre nos falta uma parte,
Se algo integral é o que queira,
procure um pão que te alimente.
Não diga que paciência é um dom
e fazer três coisas ao mesmo tempo é natural,
pois para tocar na banda
foi preciso aprender o tom.
E se ela desafina, “Amor”
você desbaratina
e ela se dá mal.

Uma mulher não nasce mãe sagrada,
não se mantem virgem ou recatada,
não tem vocação de “Maria” ou coitada.
Aprende-se: mãe
a cada dia e madrugada,
às vezes certa outras errada
alimenta o amor a mamadas
e faz da maternidade sua estrada.
Mas, se a hora é equivocada,
se há alguma coisa errada,
se ela foi estuprada,
ou se ser mãe não é sua pegada.

– Não é não!
Seu corpo, suas regras, sua decisão.
Nenhuma a menos na mesa de operação!

Jade Prata, Rio, 04/06/2016

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