Regresso das Águas
Por: Diogo Verri Garcia

Regresso das Águas
Até olhos d’água intermitentes,
aclaram-me, tão mais que se preenchem,
pois em muito aflitos.
Entremeiam um curso em plano caudaloso,
Em tenaz pranto honroso;
tímido,
resiliente aos vãos agitos.
Que se isentam no ameno inverno,
no qual não faz frio
para que seja agoureiro,
Mas ruborizam a névoa clara
Que se escondem ao menor verão.
São os olhos que secam;
dissimulam até findar janeiro,
Pois em dois meses mais,
terão exposição.
São olhos que reforçam tais torrentes,
Tornam-me tão seco e, a mais,
Tão só,
desprecavido.
Como que toda sede que impusesse a sua marca,
eis que olhos d’água
não correm sua lágrima;
No verão, tê-los por esperar, já sei:
é descabido.
Sede que é de marca tão maçada,
Não sinto nem náuseas.
O desconforto é ligeiro mais
que perturba até minh ‘alma.
Ao que destorce, em pensamentos,
as mínimas razões da mente.
Mas do que dizeis quanto a tais correntes?
Vez que aparentam que sentem
nada mais que um nada.
São, todas, cursos d´água.
Tão naturais, tão somente.
(Diogo Verri Garcia, Rio de Janeiro, 06/04/2021)
Créditos da imagem: Pixabay