O Jardim Maria
Por: Bianca Latini

O Jardim Maria
Era ela Maria
Um dia ela ousou sonhar
Ou acordar do sonho…
Depende da perspectiva…
Esfregou bem os olhos e viu a visão desembaçar
A névoa desanuviar
Sentiu, no peito, a vontade de se libertar
Seu corpo queria gritar
Desacorrentar
Em suas visualizações frequentes
Rasgava o tailleur
Tirava os sapatos
Catapultava-se daquele ambiente tão apertado
Espremido
Quase um comprimido encapsulado
Não era terreno fértil, descampado, arado
Era buraco profundo
Onde só tinha espaço para regras, cerceamentos, métricas, pompas, circunstâncias, pronomes de tratamentos
Quase remontava as épocas medievais, os senhores feudais e todos os protocolos comportamentais
Ali, naquele Castelo com Torres altas,
Tentou inebriar-se em contentamento
Passaram horas, dias, passaram tempos…
E nada do brilho nos olhos ou sentimento de pertencimento!
Pelo contrário:
Queria sair do armário
Desengavetar seu genuíno talento
O sufocamento lhe deu ainda mais vontade de respirar
As barreiras, mais vontade de ultrapassar
Os jardins, gana de regar
E, enfim, florescer a semente que nasceu para germinar
Por Bianca Latini
Créditos da imagem: Pixabay