Alegria de Viver
Por: Juliana Latini

Alegria de Viver
O tempo do relógio, com a sua espiral, determina o nosso ritmo.
Acelera-nos e nos faz correr.
Gira como uma máquina espremedora, enquanto nos vemos sugados, sem energia, sem força, sem criatividade.
Corro o risco de viver no automático e andar como uma sonâmbula pelas ruas.
Preciso de um despertador que me lembre o tempo da minha natureza interior, que me conecte com todo o Universo, pois sou parte dele.
Desperto-me. Abro os olhos.
Dou fim àquela experiência hipnótica.
Sinto a calma.
Não é possível apressar o tempo da natureza.
A paz se revela como um passarinho que repousa na minha janela.
Percebo o movimento da vida, a alegria de estar viva e ouço a música de uma grande orquestra, composta por mares, ventos, chuvas, insetos, aves. Percebo que faço parte dessa música, pois posso ouvir a batida do meu coração.
Tun Tun Tun Tun
A vida pulsa dentro de mim.
Tun Tun Tun Tun
Eu começo a entrar no meu ritmo e passo a respirar de forma consciente.
Lá no fundo, posso ouvir: “Não se preocupe com o dia de amanhã. O dia de amanhã cuidará de si mesmo”.
Sinto o ar entrando fresco, limpo, renovado, ao passo que as impurezas vão saindo.
Esse movimento cíclico ocorre em sintonia com ritmo do mar, que vai e vem.
Cada minuto não é mais igual ao outro, cada pessoa não é igual a outra.
O tempo não é só investimento para o futuro, para se poupar ou se perder.
O tempo é um presente.
Juliana Latini
*Texto inspirado em conversa com Daniel Munduruku
Créditos da imagem: Unsplash