Deixa eu!
Por: Bia Latini

Deixa eu!
Saber que a minha fantasia é fantasia
Não foi legal
Eu quero poder viver carnaval
Pensar que a chuva é vendaval
Se eu souber que é apenas chuva
Que graça tem?!
É como me contarem que Papai Noel não existe e continuarem deixando os presentes na árvore
Ou colocar os ovos, mesmo depois de ter revelado a farsa do coelho da Páscoa
Eu quero ter o direito de viver a magia
Com a exata graça que ela tem: de ser idealizada, luminosa, utópica, irreal
Não se vê vagalume de luzes acesas
Apenas no breu
Não se sente o gosto de beijo
Sem fechar os olhos
E ninguém pula de Bungee jump sem apertar as pálpebras bem forte e ter uns minutos de escuro e medo
Quero descobrir os mistérios no meu tempo
E não ter tudo revelado de uma só vez
Quero me iludir, me enganar, me perder
Não saber para onde correr
Achar meus próprios meios, fazer minhas genuínas investigações
Dar uma de detetive, inspetor, garimpeiro, bombeiro!
Esguichar água para apagar meus incêndios
Traçar meu próprio caminho
Não quero pistas antecipadas, migalhas de pão no chão
Nem urina de cão deixada no tronco da árvore
Quero ter o direito de me embolar
Para ter o prazer de desfazer meus novelos
Afinal…não há nada mais orgástico do que o desbunde das descobertas!
Por Bia Latini
Créditos da imagem: Pexels