SONORO CALADO
Por: Diogo Verri Garcia

SONORO CALADO
Vejo quatro cordas,
Quase mortas,
Que não tocam,
Que não falam
Quase nada.
Nem um som, nem uma nota solta,
Ou um semitom.
Tem traços de ferrugem,
Marcas de dedos pelos braços,
Uma boca que não tem lábios,
Um corpo que não dá abraços.
A mão fria, sem calos.
Mas que sente afeto; tem laços.
Segue ali calado,
Sem murmuro, pendurado.
No calor, não se senta ao vento;
No inverno, não pede vinho.
É calmo, nunca bravio.
É sozinho…
Esticado, desafinando.
Ao longo tempo passando; empoeirando,
Sem força, sem nota,
Sem vida.
Envergado em solidão,
Transforma todo tom em bemol.
Mas na claridade, faz as pazes, e ainda toca o sol.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 09/08/2018)
Créditos da imagem: Unsplash