O acabar da euforia
Por: Diogo Verri Garcia
Escrevo a ti, é quarta-feira.
Não a de cinzas, mas a seguinte e regular, dia morno e de labor.
Hoje há falta de chuva, de cansaço e de moleza,
Em perceber que abandonou-se a alegoria,
Que cedeu lugar à tristeza.
O carnaval, enfim, terminou.
Sobra o acaba da euforia
Que teria lugar por mais dias.
Lamenta o que jaz até quem, tal qual a mim, descansa.
Em meio ao repinique que rastilha,
Eram lampejos de alegria.
E folião se empolgava quase feito criança.
Caminhantes por caminhos e ladeiras,
Vestidos de heróis e faladeiras
Com bolhas nos pés a sustentar.
Entre porteñas que já não cantavam tango,
Alemães já quase mancos,
com as pernas tortas, a cansar.
Juntando esforços, corrente humana e virtuosa,
Sempre vagante, fervorosa por samba, itinerantes entre os blocos.
Começando os dias passados,
terminando com eles já tortos.
Vestindo camisas vistosas, exuberantes colares,
Cultivando sorrisos expostos,
Feito estandartes aos ares.
Mas o que há no carnaval
se os dias são poucos,
Se o trânsito no Rio é louco
Se a cidade toda para?
É incerto; sei que o mundo foge do igual.
Mesmo para quem não se importe,
Ainda quando há chuva, quer nos refresque ou incomode.
Nada é comum,
Não há paz ou euforia que baste,
Quando jaz carnaval.
(Diogo Verri Garcia, 05/03/2019)
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