Poema às multidões

Por: Diogo Verri Garcia

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Atenção com as ruas ocupadas demais.
Elas trazem em demasia gente, para ti sem importância,
Uma sensação sem elegância que pouco te apraz.
Tantos que passam por ti,
Que te cruzam o caminho sem você se importar.
Não percebes quantos no rosto trazem algo a sorrir,
Ou mesmo quando têm a chorar.

Cuidado com essas ruas,
e com toda essa gente que por ti passa,
pois algo há de arrogância.
Talvez haja o mesmo com quem tu seletas,
Mas que pouco te adornam em relevância.

Por certo, de forma segura, alguma vez me juras
que não notas em quem passa
alguma outorga que a vida traz?
Quem por ti passa, talvez mais não volte,
não mais,
porque tem o mundo alternância.
Percebas que respondes pelo mal que faz,
ou pelo bem que deixas e que jaz, ali, sem importância.

E com toda essa gente que pouco te importa,
ensinas aos teus, que a elas já não conseguem nem ver.
Hoje, nada relevas por elas;
Amanhã, quem sabe
Quanto do tempo quererás reescrever.

Não te notas que quem passa em teu caminho é um caminhante sozinho
que, talvez, também contigo queira se importar?
E não te importas que, por esse desalinho, o mundo piorará mesquinho,
de tantos sozinhos, que não ligam com quem lhes irá passar?

Até corrigiria o poema,
Para que fossem acertados o bastante
e até consoantes
os pronomes que se misturam entre você e ti
em uma singela anedota.
Mas não mexo; deixo tudo como está,
deixe a palavra errar.
Até porque nada disso te importa.

(Diogo Verri Garcia, fev. 2019)


Crédito da imagem: Diogo Verri Garcia. Arquivo pessoal. Zaragoza, 2015.

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