Os malabares
Por: Diogo Verri Garcia
O que está a ser reservado, será.
Não há flores, não há guerras, nada que possa abrandar.
O que tende a ser certo,
malfadado não se faz e não se fez.
Acontece em que pese a força,
Mas se reforça na prece.
Jaz a paz, mas chega a vez.
Só não sei se o acaso cobiça algo em troca,
Se joga-nos tão ao alto quanto malabares,
Que não conserta-nos, e desconcertante, entorta-nos.
O que há em ser destino se não um cassino em que nos aposta a sorte?
Tanto infirma-nos, posto que encaminha-nos:
Chega a dar tontura,
em corporatura de cadeira em garrote.
E segue em todos a comum visão do inquieto,
Que tende a olhar mais o pranto
Que não explica ao certo,
Que não acha o encanto,
Mesmo que seco,
Mesmo que não doa,
Não é feliz pois deixou-se
(em ceguidade e renitência) sucumbido.
E desinibiu-se na teima de um léu descaso.
No que é fé ou afincado passo,
Segue o andaço, mesmo abatido.
(Diogo Verri Garcia, Rio, 10 de setembro de 2019)
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