Sonho Perdido
Por: Mona Vilardo
– Veja o sol dessa manhã tão cinza: Foi o que pensei no dia seguinte daquele dia triste.
– Então me abraça forte: Foi o que disse um pai ao abraçar outro pai, na tarde daquele dia sem respostas.
– Mas deixe as luzes acesas agora: Foi a fala da mãe que queria ver a foto do filho na estante, no anoitecer daquele mesmo dia, como se fosse uma despedida.
– Sempre em frente: Era o lema daquele jovem que acreditava num sonho, até aquele dia que onde tudo virou cinzas.
– Não temos tempo a perder: Era o que pensava aquele rapaz que tinha fome de vitória todos os dias.
– Temos nosso próprio tempo: Dizia o amigo quando consolava aquele colega que pensava em desistir dia após dia.
– Nosso suor sagrado é bem mais belo: Pensava o garoto que sentia saudade de casa diariamente.
– Selvagem: Foi a maneira que eles foram tirados dos seus sonhos, dos seus pais e do mundo. Do Ninho!
– E o que foi prometido, ninguém prometeu: É o que acontece em nosso país, estado e cidade cada dia mais.
– Somos tão jovens, tão jovens: Poderia ser o grito de guerra daqueles 26 garotos um dia antes do incêndio acontecer. Eles eram mesmo tão jovens!
Fevereiro acabou, mas para aquela legião de sonhadores do clube rubro negro, o mês mais curto do ano foi ainda menor, terminou dia 8, numa sexta de manhã;
– Nem foi tempo perdido: Foi tempo doado e sonho roubado.
Sonho perdido
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