Retrovisor
Por: Bianca Latini
Retrovisor
Como é bom dar nó em pingo d’água
Achar saída onde não tem entrada
Fumar cachimbo de nostalgia
Ouvir vitrola antiquada
Gosto de viajar no tempo e depois
retornar para cá, com alguns insights
Acho um privilégio revisitar outrora com
a cabeça de agora
É tanta clarividência
Tanta enxergação
Tanta ficha que cai,
mesmo depois da hora!
Acho que sempre é tempo
de fazer remendo,
de entrar no compasso
ou desfazer esse passo,
que a gente se impôs
na cegueira, na imaturidade,
na incompreensão
Gosto de ver fotografia antiga
E olhar quem fui, quem ainda sou
O que ficou para trás…o que sobrou
Acho graça ver meus cortes de cabelo
Meus penteados, meu corpo ora mais magro, ora mais moreno
e meu sorriso sempre querendo ganhar largura
Gosto de folhear minhas fases, minhas épocas, meus itinerários
Fazer terreno baldio ser usucapido
por tanta saudade.
Imagem de Erin Alder por Pixabay