Dois do Onze
Por: Diogo Verri Garcia

Dois do Onze
Há mais um dia frio.
Não há tantos sinos que dobrem,
Ou candelabros que lotem
a exaltar mais chamas acesas.
Postas estão algumas velas, tateando a mesa,
Em um instante de paz, de pesar.
Com preces todas
dispostas no cruzeiro, no altar,
Em respeito de quem deixou saudade e foi,
pois precisou partir.
É um dia sem chuva,
Cujo sol não tem brilho,
não há intensidade no vento, nem mormaço.
Só alguns sopros gélidos de ares
Inoportunos,
Que não medem o hoje desaconselhável
acalorado abraço,
Que nos pede a data
E esse dia mais frio.
Peça-se sossego a todos os amores
que em meu peito morrem.
E a todas as almas que podem,
Que fiquem em paz.
Que esperem só preces,
Não lamentos de luto,
Nem prantos já profundos e largos
Dos abraços outroras em exulto…
Deixem a saudade,
de modo que não a maltrate a mais,
Em finados.
(Diogo Verri Garcia, Rio de Janeiro, 02/11/2020)
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