O teu abraço
Por: Diogo Verri Garcia

O teu abraço
O teu abraço é muito mais que um abraço,
É um perder-se no espaço,
No desenrolar do tempo.
A ponto de o despertador
Caducar, permanecer em suspensão.
A exemplo de a hora chegar e não querer sair,
De o vazio não se completar, só para não se esvair;
E o abraço macio entregar-se ao afago,
Sem precisar explicar;
Sem carecer de argumentação.
O teu abraço
é meu melhor argumento.
É meu lado carente,
meu acontecimento.
Que faz a chuva chegar e não querer cair;
Pois que, mesmo possa nos aprisionar,
Ela não quer anuir
Perder-se esfacelada no vazio de um solo,
onde não há o abraço…
prazente tal qual o nosso, com tanta
afeição.
O teu abraço
é tanto mais que um sorriso,
No que a vontade não me cabe aos olhos e, assim,
me perturba.
E peço licença ao sangue que mancha as pedras,
à espada que serra as terras,
Às primaveras desnudas.
Do que me fala Neruda não importa mais…
que o teu afago.
O teu abraço
Cria até no vento frio ser tão boa aventurança.
Faz-me sentir-me alegre, em bonança
Por ver o mundo todo passar,
Por ter a vida inteira parada, a deixar…
E poder estar aqui…
em teus abraços.
E nem me queira rimá-los com teus passos,
Pois que me atormenta o daqueles sair.
E sem eles ficarei…triste a estar.
Só por andar, tonteante por aí.
Carente de paz,
Sem ter argumentação.
(Diogo Verri Garcia, Rio de Janeiro, 03/05/2021)
Créditos da imagem: Pixabay