Abacateiro

Por: Juliana Latini

Abacateiro

Casei. Mudei. Ganhei um jardim.
Plantamos a primeira árvore.
Um abacateiro.
O solo era pobre e duro.
O abacateiro, frágil.
Ele foi crescendo com dificuldade.
Superando cada vendaval.
Tinha dias que ele balançava tanto que eu até ficava preocupada.
Mas ele sempre resistia.
Um dia, enquanto chorava – com dores de crescimento – pensei:
Seja forte como o abacateiro.
No dia seguinte, ao acordar fui ao quintal, como de costume.
Para minha surpresa, o abacateiro tinha tombado. Foi neste momento que compreendi sem explicações a relação entre nós dois: eu e o abacateiro.
Colocamos uma estaca nele. Aos poucos, superou e se firmou novamente.
Hoje, olho para o abacateiro. De pé. Com folhas secas que caem, caem…
Enquanto varro o quintal, sinto-me enxugando suas lágrimas.
Não sei se chegou o seu fim – sei que está seca.
Ouvi da vizinha que a árvore está morta.
Eu ainda aguardo reação, enquanto varro, varro..
Sei que já deu frutos. Duas vezes!
Olho para ela com a esperança de ver um sinal de vida, um brotinho verde, um respiro.
Mas ainda nada.
Não sei como dizer para ela, você é importante. Fique mais comigo.
Do outro lado, penso – Se ela está assim, como estou? O que passas comigo?
Penso e falo para mim mesma: Você é importante – esteja presente aqui comigo. Ainda que doa, preciso de você aqui.

Juliana Latini


Créditos da imagem: Unsplash

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