Lágrimas eletrizantes
Por: Juliana Latini

Lágrimas eletrizantes
Respirar. Ato nada voluntário atualmente.
Escrever. Técnica de arejar o embrutecimento até se tornar poroso e leve.
Meu corpo grita. Algo não está funcionando. Há um ruído estranho que me inquieta, como um som que denuncia um defeito automotivo. Investigo meus motivos.
Sou em contato comigo.
Trago marcas visíveis e secretas, que busco encará-las e sará-las.
Preciso respirar.
Preciso de coragem.
Preciso atravessar lugares de dores. Nuvens carregadas.
Emoções brotam colorindo a palidez do rosto e do cotidiano.
É o som das águas querendo chegar. Um olho d’agua começando a minar.
Fios contínuos se formam.
Silenciosamente escorrem, caem e se desmancham.
Enquanto, do lado de dentro, me levanto.
Como numa dança contemporânea, o movimento se repete.
Escorre, cai, se desmancha e me levanto.
Escorre, cai, se desmancha e me levanto.
Escorre, cai, se desmancha e me levanto.
Densas cargas, caem pesadas e eletrizantes. Brilham ao chão.
Cada lágrima, uma tonelada a menos.
Lembro-me: “Depois da tempestade, vem a bonança”.
Sinto-me mais leve e em paz comigo mesma.
Superação.
Juliana Latini
Créditos da imagem: Pixabay