Clássicos da Literatura: Arthur Conan Doyle

— Que diabo você tem feito, Watson? — perguntou-me ele, sem esconder o seu
espanto, enquanto passávamos pelas ruas apinhadas de Londres. — Vejo-o magro como
um sarrafo e escuro como uma castanha.
Fiz-lhe um breve relato das minhas aventuras e mal o concluíra chegamos ao nosso
destino.
— Coitado! — exclamou ele, condoído pêlos infortúnios que acabava de ouvir. — E
que faz agora?
— Procuro alojamento — respondi. — Tento resolver o problema de encontrar quartos
confortáveis a preços razoáveis.
— É curioso — disse o meu companheiro. — Você hoje é a segunda pessoa que fala
dessa maneira.
— E quem foi a primeira? — perguntei.
— Um sujeito que trabalha no laboratório químico do hospital. Estava se queixando,
ainda esta manhã, de não encontrar com quem dividir o aluguel de uns ótimos aposentos
que tinha descoberto, mas que eram demasiado caros para a sua bolsa.
— Magnífico! — exclamei. — Se ele procura alguém para compartilhar dos quartos e
das despesas, sou exatamente essa pessoa. Prefiro ter um companheiro a morar sozinho.
Stamford olhou-me de um modo estranho, por cima do seu copo de vinho.
— Você ainda não conhece Sherlock Holmes — disse ele. — Não sei se lhe agradará
como companheiro permanente.
— Por quê? Haverá alguma coisa que não o recomende?
— Oh! Eu não disse isso. Ele é um pouco esquisito…. tem paixão por certos ramos da
ciência. Que eu saiba, é uma pessoa muito correta.

(Trecho de “Um Estudo em Vermelho”, de Arthur Conan Doyle, onde Sherlock Holmes e dr. John Watson se conheceram e viveram a primeira aventura juntos.)


Créditos da imagem: Unsplash

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