Tempero da Vida

Por: Juliana Latini

Tempero da Vida

Existe uma forma de interpretar quem somos por meio dos temperamentos.
Nasci com o meu tempero forte, expressivo, criativo e quente.
Com o tempo, com os dissabores e reboliços da vida, instintivamente, fui criando crostas duras para sobreviver.
Na tentativa de me proteger fui, pouco a pouco, adequando minhas características natas.
Passei a ter temperos mais brandos, mais reflexivos e levei um bom tempo para processar alguns acontecimentos.
A líder espevitada do tempo de criança ficou sem saber para onde ir, quem era e tantas outras dúvidas.
A busca pela minha identidade passou a ser uma grande questão. Na tentativa de ter mais clareza e conexão com o meu interior, buscava encaixar as peças desse “quebra-cabeça”.
Nesses encontros com o meu eu, percebia o quanto eu tinha me anulado. Mas, para a minha surpresa, ainda havia o tempero original em mim, como que aguardando pacientemente, para ser redescoberto e usado.
Entendi que para acessar a nossa essência é preciso derrubar “muros de proteção” que erguemos diante dos traumas, perdas e decepções.
Se de um lado, eles nos dão certa segurança; por outro, nos sufocam, nos atrofiam e impedem a luz de entrar. Como se fôssemos o prisioneiro e o carcereiro ao mesmo tempo.
O custo de fugir dos outros e de mim mesma não compensava mais.
Passei a adotar um novo lema: encarar a realidade, mesmo com seus riscos e dores, abraçar a vida, acreditar no melhor das pessoas e mostrar ao mundo os meus verdadeiros temperos.
A vida passou então a ter um gosto especial e
a cada dia sinto muita gratidão em desfrutá-la.

Juliana Latini


Créditos da imagem: Pexels

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