Faróis
Por: Bia Latini

Faróis
Ser pai e mãe é ser alavanca, maçaneta
É ser degrau, escada
Piscina sem água
A água é justamente o filho
E a piscina pode ser rasa, funda, bem demarcada ou de borda infinita, permitindo ver o horizonte
Ser pai e mãe é ser ponte, farol, guia
É ser veículo e não caminho em si
As pegadas: firmes ou amedrontadas, vão depender do quanto você abre a porta do carro para que seu filho vá a pé
E ser um bom veículo é, também, por vezes, saber se fazer bicicleta, que é transporte com liberdade, velocidade, abertura, vento batendo na cuca que refresca os pensamentos e faz sonhos voarem
É lidar com a dualidade de querer reter e precisar soltar
É saber que não se é dono, apenas instrutor, semáforo, indicador
Ser pai e mãe é não saber e achar que tem que saber
Depois concatenar e assimilar que não se é Deus
Apenas humano, trocando com outro humano que veio depois
É errar porque faz parte da vida
De quem é pai e mãe ou não…
É que quando colocam algo ou alguém sob sua guarda, você sente o peso nas costas,
os dedos e os holofotes apontados para o seu desempenho
Mexe com seu ego e sua potencialidade, seu senso de capacidade
Estarta um julgamento, um apertamento do ” tem que ser” e do “preciso performar”
Mas não!! Esquece isso tudo!
Permita-se apenas ser, transbordar…
Toda sua essência, sua caminhada, buscando ser melhor, fazer o melhor
Sabendo que isso nem sempre vai acontecer e está tudo certo!
Afinal, o que é a vida, senão ela mesma?
Ser pai e mãe é dar-se oportunidade:
De doar e receber, sem expectativa no outro e em si mesmo
É apenas se permitir e sentir
Deixar-se vulnerável, exposto à aprendizagem.
Por Bia Latini
Créditos da imagem: Freepik